Fotos: Lula Marques | Agência Brasil O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está em greve de fome e acampado no plenário 5 da Câmara dos Deputados desde a madrugada desta quinta-feira (10), após o Conselho de Ética aprovar, por 13 votos a 5, o parecer que pede a cassação de seu mandato por quebra de […]
Fotos: Lula Marques | Agência Brasil
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está em greve de fome e acampado no plenário 5 da Câmara dos Deputados desde a madrugada desta quinta-feira (10), após o Conselho de Ética aprovar, por 13 votos a 5, o parecer que pede a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de agredir um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), que teria insultado sua mãe. A representação foi apresentada pelo Partido Novo. Braga afirma ser vítima de perseguição política por denunciar o chamado Orçamento secreto e decidiu adotar a greve de fome como uma
“tática radical”
para protestar contra o processo. Ele está sem comer desde a noite de terça-feira (8), ingerindo apenas líquidos, e é acompanhado por assessores e por equipe médica. Segundo sua assessoria, sua pressão arterial está normal e ele mantém 91,7 quilos. Na manhã, ingeriu dois copos de isotônico e água. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), de 90 anos, chegou a anunciar adesão à greve, mas foi convencida por colegas a seguir na luta por outros meios. Braga teme que a Câmara adie indefinidamente a conclusão do processo, que já dura mais de um ano, e promete recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se a CCJ mantiver a decisão, o caso seguirá para votação em plenário.
O deputado argumenta que a punição é desproporcional se comparada a outros casos de quebra de decoro e acusa o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de articular o parecer contra ele, junto ao relator do processo, Paulo Magalhães (PSD-BA), em troca de recursos do Orçamento secreto. Lira negou as acusações, classificando-as como ilegítimas, e afirmou que a representação não partiu dele. O PSOL e o PT anunciaram obstrução dos trabalhos na Câmara como forma de protesto. O líder do Partido dos Trabalhadores, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), cobrou uma discussão entre os líderes partidários sobre o caso e alertou para uma possível crise na Casa. Glauber Braga é um dos principais críticos do Orçamento secreto, mecanismo que permitia a execução de emendas parlamentares sem transparência, e que foi questionado pelo PSOL no Supremo Tribunal Federal. A decisão do STF levou o Congresso a adotar novas regras para o uso dos recursos. A assessoria do deputado Paulo Magalhães não respondeu às acusações até o fechamento da reportagem. Segundo sua equipe, ele não quis debater com Braga durante as sessões do Conselho de Ética por considerar essa uma tática de defesa do acusado.