Fotos: BLOG DO ANDERSON Na noite de quinta-feira (20), a Praça Tancredo Neves, em Vitória da Conquista, foi palco da tradicional Alvorada dos Ojás , evento promovido pela Rede Caminho dos Búzios com apoio da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial. Este ano, a cerimônia aconteceu um dia antes do Dia Nacional das Tradições de […]
Fotos: BLOG DO ANDERSON
Na noite de quinta-feira (20), a Praça Tancredo Neves, em Vitória da Conquista, foi palco da tradicional
Alvorada dos Ojás
, evento promovido pela Rede Caminho dos Búzios com apoio da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial. Este ano, a cerimônia aconteceu um dia antes do
Dia Nacional das Tradições de Raízes Africanas e Nações do Candomblé
, celebrado em 21 de março. A cerimônia começou com cânticos e toques de atabaques em saudação aos orixás, em um pedido de licença e abertura de caminhos para a paz e o respeito entre as religiões. Em seguida, os participantes amarraram ojás [tecidos brancos sagrados] nas árvores, simbolizando a fé, resistência e proteção das religiões de matriz africana.
O coordenador de Igualdade Racial, Ricardo Alves de Oliveira, destacou a importância do evento para fortalecer a luta contra a intolerância religiosa. “Esse é um ato de enfrentamento ao racismo religioso e um resgate da memória das pessoas que tiveram sua fé atacada. Esse evento ganha força com a morte de Mãe Gilda de Ogum, vítima de racismo religioso. Para nós das religiões de matriz africana, a natureza é sagrada, por isso amarrar os ojás representa a paz e a ligação dos homens com os orixás”, ressaltou. A mobilização deste ano foi realizada em março de maneira excepcional, devido ao falecimento de membros da comunidade ligados à organização. Nos próximos anos, a
Alvorada dos Ojás
voltará a ser celebrada em 21 de janeiro, data que marca o
Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa
.
Além do significado espiritual, a cerimônia é um ato de resistência contra o racismo estrutural e a intolerância religiosa. Para o pai de santo e integrante da Rede Caminho dos Búzios, Táta João, o evento reforça a luta das religiões afro-brasileiras. “Essa data é muito importante, pois nos lembra de um fato triste ocorrido com Mãe Gilda e simboliza nossa luta por respeito e contra a intolerância religiosa. Nós precisamos ser vistos, visualizados e respeitados”, afirmou. Ao longo da noite, representantes de diversos terreiros se reuniram para celebrar sua fé de forma coletiva, sem medo de preconceitos ou julgamentos. Mãe Ana, da
Casa de Caridade Nhá Chica [Terreiro de Umbanda]
, participou da cerimônia e destacou a relevância desses encontros. “Fazer parte desse momento está sendo maravilhoso.
Os ojás nos ajudam a contemplar os orixás, a natureza e, principalmente, a paz e harmonia. Esse é um grande passo para combater a intolerância religiosa, e eu acho que vai ressoar em outros espaços. A gente precisa combater e implantar o nosso axé, sobrevivendo a tantas opressões”, afirmou. A
Alvorada dos Ojás
é um dos principais marcos da luta e afirmação das religiões de matriz africana em Vitória da Conquista. As comemorações continuam nesta sexta-feira (21), com o
3º Encontro dos Povos de Axé
, no Memorial Régis Pacheco, onde serão debatidos temas como garantias de direitos fundamentais e os desafios enfrentados pelas comunidades de terreiro.