Conquista: “A gente vê um declínio na educação pública”, dispara presidente do Simmp após resultado baixo no Ideb

Após a Prefeitura MUnicipal de Vitória da Conquista comemorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),afirmando que Ideb 2023 mostra melhorias pontuais em relação a 2021 para os Anos Iniciais, o Sindicato Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp) contestou e afirmou que a informação é uma “fake news”. Em entrevista exclusiva para o Blog […]

Link Conquista
20/8/2024 19:10

Após a Prefeitura MUnicipal de Vitória da Conquista comemorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),afirmando que Ideb 2023 mostra melhorias pontuais em relação a 2021 para os Anos Iniciais, o Sindicato Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp) contestou e afirmou que a informação é uma “fake news”.

Em entrevista exclusiva para o Blog do Sena, nesta terça-feira (20), a presidente interina do Simmp, Eliane Nascimento, revelou que a nota do Ideb foi mantida. Ou seja, não houve avanço. “Nós compreendemos como mais uma das fake news, né?  Que a gente vê da administração pública. Por quê?  Porque os anos iniciais já tinham a meta batida de 5.6, no ano 2021.  Então, os anos iniciais já haviam alcançado essa meta.  Então, no ano 2023, os anos iniciais apenas manteve a mesma nota que já tinha. Embora a meta projetada fosse 5.5,  os anos iniciais, que inclusive eu fui professora nos anos iniciais, nós já tínhamos alcançado essa meta. Então, com relação aos anos iniciais, não teve o que comemorar,  porque ficou estabilizada, não avançou”, contestou Nascimento.

Além disso, já nos Anos Finais, o Município sofreu um grande prejuízo e retrocedeu. Segundo ela, o resultado é reflexo da falta de investimento e apoio aos alunos e professores durante a pandemia, com o ensino remoto, e  no retorno das aulas presenciais.

“Nós tivemos um prejuízo muito grande nos anos finais,  porque nós já havíamos alcançado uma média de 5.1.  A média projetada era 4.7, a gente já estava acima disso. E aí, nós tivemos uma nota de 4.1. Então, isso aí estatisticamente é um ponto negativo que o município obteve. E isso, para ser recuperado, é a longo tempo.  O que a gente entende que aconteceu?  Os alunos que fizeram o ano, no ano 2023,  são os alunos que começaram os anos finais, no primeiro ano de pandemia. Então, o aluno teve, 2020 e 2021, com ensino remoto,  voltou em outubro, de forma lenta.  Mas ele só vai ter aula mesmo presencial o ano inteiro, ele teve 2022 e 2023.  O que reforça a nossa denúncia de que a Secretaria de Educação, junto com a Administração Pública, não fez um projeto de intervenção  para auxiliar os alunos que tiveram dois anos de pandemia,  de ensino remoto, não auxiliaram as escolas,  não auxiliaram os professores,  onde nós tivemos escolas com prejuízo muito grande”, declarou Nascimento.

A presidente do Simmp explicou que a avaliação do Ideb não é só a nota. Outros fatores são levados em consideração. Por isso, sem investimento na estrutura das escolas, na valorização dos  professores e da merenda de qualidade para os alunos, a avaliação sempre será baixa.

“O Ideb não é só a nota que se calcula,  é a nota, é a defasagem, é a repetência,  são alguns dados que nós temos que, juntos, formam essa nota. Nos anos finais, a gente tem o professor sozinho,  por exemplo, vamos pensar aqui no caso do Carlos Santana, que foi uma escola que a gente denunciou,  que tem muitos problemas estruturais,  e que, consequentemente, isso repercute na nota.  Porque você tem um espaço pequeno, você tem salas cheias,  você tem professores adoecidos com a situação,  você tem alunos que se deslocam de um bairro para outro,  um bairro longe,  você teve escolas que não teve aula por conta de reforma,  por conta do transporte, por conta de estrada, por conta de falta de água. Então, tudo isso faz com que o aluno tenha um prejuízo  de não estar na escola.  Ou, em outros momentos, nós tivemos uma merenda, no primeiro trimestre, muito precarizada. Então, nós temos alunos que têm na escola aquela alimentação básica,  que ele precisa, para aprender, o aluno precisa estar bem alimentado,  o aluno precisa estar tranquilo, o professor também precisa de um ambiente muito bem organizado,  para que esse processo de ensino e aprendizagem  ocorra com muita naturalidade e facilidade”, pontuou.

Segundo Eliane Nascimento, o corte na verba da educação no orçamento de 2024, quando a Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista autorizou a redução de R$72 milhões influenciou diretamente no bom desempenho das escolas municipais. Além disso, ela denunciou que o Governo Municipal não aplicou as verbas destinadas para a educação enviadas pelo Governo Federal.

“Outra questão que a gente quer chamar a atenção foi sobre a verba que a Câmara de Vereadores  votou ano passado para tirar R$72 milhões  da pasta da educação. Essa verba tinha que ser aplicada nesses projetos  para recuperar, para fazer atividades de intensivo,  atividades que fossem para recuperar o tempo, atividades de reforço, atividades que fossem pontuais  naqueles alunos que tiveram mais dificuldade  durante o tempo de pandemia. Então, houve verba que veio do Governo Federal  que não foi aplicada, assim como a verba da própria Administração Pública. Então, a gente constata que os pacotes educacionais  que vieram para o município, eles apenas treinavam  os alunos a responder mecanicamente as questões postas na prova, que são simulados. Foram vários simulados que o município fez  durante o ano”, explicou.

Para Eliane Nascimento, a atual gestão da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista não priorizou a educação. Como outro exemplo, ela explicou a retirada do pagamento dos ACs, realizados pelos professores, que antes poderiam ser feitos nas casas dos docentes. Segundo ela, essa foi uma forma de “penalizar” o professor.

” Quando o professor tem um corredor,  onde ele fica em pé,  e porque ele não tem condição de realizar  sentado no espaço onde trabalha, que é o caso da Prascovia, né.  Então, a gente percebe que ali o professor não tem condição de realizar um bom trabalho.  E, também, ele não é dispensado para fazer isso em casa. Essa administração pública é muito truculenta. O que ela fez?  Ela retirou um incentivo de AC que o professor tinha que permitia que o professor fizesse o AC em casa. Se eu não posso fazer na escola, mas, ao menos, eu poderia fazer em casa. Só que, em maio, essa venda foi retirada do contracheque do professor,  sem aviso prévio.  Então, agora, o professor não tem mais nenhum dinheiro,  que é o financeiro,  e nem o tempo na escola, porque muitas escolas não têm estrutura para que o professor faça esse AC.  Então, o que que o fez? Penalizou o professor.   Então, vamos dar um tempo livre.  Mas, o coordenador alegou que,  como a nota das escolas estava baixa,  esse professor, agora, está sem esse AC livre. Ou seja, pune o professor por uma atitude que é da própria administração pública, que é garantir um espaço público de qualidade,  para que a gente possa oferecer  um ensino público de qualidade”, detalhou Nascimento.

Ela ainda questionou a falta de diálogo com Secretária Municipal de Educação a afirmou que a educação retrocedeu no atual governo. “As formações continuadas, elas são deficitárias, elas não atendem a realidade da escola e a gente vê a Secretaria Municipal de Educação com muita dificuldade de entender o diálogo. Ele não atende o diálogo que o Simmp chama, ele não atende a especificidade que o professor coloca e foi se passando, né, o tempo. Então, nessa última gestão do professor Larry, a frente da Secretaria Municipal de Educação, do coordenador no núcleo pedagógico e a administração de Sheila, a gente vê um declínio na educação pública. E a gente ficou muito triste”, contou.

Outra questão abordada pela presidente do Simmp são as reformas das escolas municipais. Segundo ela, o sindicato já vinha denunciando que as reformas eram apenas “paliativas”. Segundo ela, apenas uma escola nova foi construída na atual administração municipal. “Construções mesmo a gente só tem da escola Antônia Cavalcanti, né,  mas nós tivemos reformas que a gente sempre entende e sempre denunciou também como reformas paliativas. Porque não adianta a escola está bonita por fora,  a escola tem que ser bonita na sua totalidade.  A gente mostrou espaços físicos inadequados,  como, por exemplo, a Péricles Gusmão, a extensão da Mozart Tanajura,  a própria unidade lá no campo que a gente foi, na Prascovia, na creche, né. Enfim, a gente vem mostrando ao longo do tempo  que aquela estrutura dificulta o trabalho do professor”, contou Nascimento.

Para  Eliane Nascimento, o Ideb das escolas municipais só vai melhorar quando o estudante for prioridade do governo. “Para se conseguir um bom IDEB, é, primeiro, pensar nesse estudante, mais importante do que o IDEB,  que é uma coisa que eu sempre coloco,  inclusive, coloquei isso para o antigo secretário de Educação. Mais importante do que alcançar o IDEB,  é garantir que esse aluno tenha uma aprendizagem  que ele leve para a vida.  Não é só a aprendizagem para a prova,  é garantir que eu aprenda enquanto cidadão, que eu possa viver com autonomia,  que eu tenha, que eu consiga perpassar por todos os espaços sociais,  e que eu tenha um letramento,  que eu tenha acesso à leitura,  à escrita, ao cálculo, ao raciocínio lógico, com muita autonomia”, declarou.

A entrevista completa você pode acompanhar a seguir: