Quem vai “pagar” pelas vidas perdidas na BR-116?

Por Marcos Andrade “ As vítimas de um acidente trágico na tarde desta terça-feira, na BR 116, já foram identificadas…” O texto em epígrafe, foi do ultimo dia 06, mas poderia ser de outro dia em um dos meses subsequentes, dada a enorme quantidade de acidentes na BR 116, no trecho que vai da Divisa […]

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7/8/2024 16:40

Por Marcos Andrade

As vítimas de um acidente trágico na tarde desta terça-feira, na BR 116, já foram identificadas…”

O texto em epígrafe, foi do ultimo dia 06, mas poderia ser de outro dia em um dos meses subsequentes, dada a enorme quantidade de acidentes na BR 116, no trecho que vai da Divisa com Minas Gerais, até Jequié (só pra falar da nossa região), passando por Candido Sales, Vitória da Conquista, Planalto, Poções, Boa Nova e Manoel Vitorino, com destaque para o alto risco de acidente nas interseções com o transito destes municípios, em especial do anel viário Conquista, o que torna a situação ainda mais grave.

Quem vai “pagar” pelas centenas, talvez milhares de vidas ceifadas, pelas famílias destruídas, pelos filhos órfãos, pelos pais e mães que perderam (e perderão) seus filhos? Bem como pelas cargas saqueadas e carros que viram sucata?

Algum desavisado pode colocar a culpa na imprudência dos motoristas, que é realmente um fator a se levar em consideração, mas não é só isso, a BR 116, tem um projeto dos anos 1940 nessa região, estando com seu traçado anacrônico para os padrões atuais, mas sobretudo estreita para a quantidade de carros e caminhões, é comum a passagem pela rodovia de carretas bitrem/rodotrem com até 30 metros de comprimento, bem como as imensas filas de carretas e caminhões, tornando a ultrapassagem inviável em muitos pontos.

Mesmo com essa situação caótica, não se vê nenhum tipo de campanha educativa, apenas radares fixos e moveis voltados para o recolhimento de impostos e infrações. Não se nota, por parte das instâncias governamentais, nenhuma preocupação com as vidas em risco, apenas multas, pedágios e recolhimentos. No final, tudo se resume a extorquir os motoristas, sem dar nenhum retorno a sociedade. Os motoristas de caminhão, por sua vez, são obrigados a trabalhar em longas jornadas e condições insalubres, arriscadas, mas sem nenhum suporte para dar apoio ao seu trabalho, como, estacionamento, banheiros, ponto de alimentação ou dormitório, ao longo da estrada.

Portanto, é fundamental que as instituições públicas ou privadas que atuam no setor, assumam sua responsabilidade, Ministério dos Transportes, DNIT, ANTT, Via Bahia, DETRAN, DENATRAN, PRF, entre outros, saiam da falácia e formem uma força tarefa emergencial – com o acompanhamento do Ministério Público, representações dos motoristas, prefeituras cortadas pela rodovia, pedestres e da Sociedade Civil organizada – para enfrentar o problema e solucionar ou minimizar o impacto. Náo estamos falando de prejuízos materiais, mas de centenas de vidas, milhares, se levar em conta intervalos de 10 anos ou mais.

Estamos falando de pessoas, de famílias, de trabalhadores, de cidadãos, que tem suas vidas ceifadas bruscamente, de forma prematura, pela inércia, pela desídia, desleixo com os direitos de cidadania por parte dos órgãos e instituições vinculadas ao sistema de transporte. Por falta de planejamento e investimento, ainda queexista o recolhimento regular de taxas, multas, impostos e pedágios.

Não faltam recursos, mas sim compromisso e organização para transformar essa rodovia tão importante, num espaço digno e adequado para seus usuários, que corresponda a riqueza e desenvolvimento transportados diariamente em sua malha rodoviária.